29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Roda Viva: Sem The Intercept, Moro defende Bolsonaro e se esquiva de polêmicas

Ministro chamou de bobagens os vazamentos do Telegram, mas defendeu seu vazamento no caso do Triplex

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, foi o convidado do Roda Viva desta segunda-feira (20), e respondeu perguntas de uma bancada de entrevistadores formada por Alan Gripp (O Globo), Andreza Matais (Estadão), Leandro Colon (Folha), Malu Gaspar (Piauí) e Felipe Moura Brasil (Jovem Pan).

Entretanto, o programa, que marcou a estreia da apresentadora Vera Magalhães, foi alvo de pressões durante a semana anterior pela inclusão de um jornalista do The Intercept na bancada dos entrevistadores.

O site publicou vazamentos de conversas entre o então juiz Moro e procuradores da Operação Lava Jato e a participação de um jornalista do grupo acabou não vingando.

A direção do programa assegurou que não consultou Moro previamente sobre os jornalistas escolhidos para compor a bancada. E Vera Magalhães reafirmou a posição da emissora ao abrir a edição dessa semana:

“Aproveito para esclarecer que a produção do Roda Viva não submete previamente ao entrevistado a bancada de entrevistadores. Trata-se de uma regra, em respeito ao público e também aos entrevistados”. Vera Magalhães, apresentadora do Roda Viva.

Com a edição como ficou, segundo o Twitter, parte do público considerou que Moro teve vida fácil diante de entrevistadores bonzinhos ou despreparados. Outra parte saudou o ministro como herói diante de entrevistadores mal-intencionados.

E, por fim, houve quem lamentasse a forma como o entrevistado evitou responder a boas perguntas da apresentadora e dos entrevistadores.

Defesa de Bolsonaro

O ministro defendeu Jair Bolsonaro ao ser indagado sobre um levantamento feito pela Fenaj de que o presidente foi responsável por 121 ataques contra profissionais e veículos de imprensa em 2019.

Moro afirmou que Bolsonaro “dá ampla liberdade à imprensa” e vê a postura do mandatário como uma reação às críticas que recebe. A declaração foi feita durante o programa Roda Viva, da TV Cultura.

Moro também comentou a exoneração do Secretário de Cultura, Roberto Alvim, depois de publicar vídeo que causou revolta nas redes sociais.

No vídeo, com o retrato de Bolsonaro ao fundo, Alvim imita a aparência e o tom de voz de Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha nazista de Hitler. Outra referência ao nazismo é a música de fundo, a ópera Lohengrin, de Richard Wagner, obra que Hitler contou em sua autobiografia ter sido decisiva em sua vida.O ministro da Justiça definiu o episódio como “bizarro”.

“Nesse caso do Secretário de Cultura, ao meu ver foi um episódio bizarro. E, tendo ciência desse episódio, eu dei a minha opinião. Dei a minha opinião ao presidente, mas cabe a ele tomar a decisão. E ele tomou a decisão correta. A minha opinião foi a opinião de geral: ‘um episódio bizarro’ e a situação era insustentável”. Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública.

Em tom mais pessoal, Moro declarouque os vazamentos da Operação Lava Jato divulgados pelo The Intercept Brasil em parceria com diversos veículos da imprensa são “bobageirada”.

“Acho que é um episódio menor. Nunca dei muita importância para aquilo. Acho que é um monte de ‘bobageirada’. Foi usado politicamente para tentar soltar criminosos presos, pessoas que haviam sido condenadas por corrupção e principalmente enfraquecer politicamente o ministério”. Moro.

Moro voltou a falar que não reconhece a autenticidade das mensagens, mas salientou que nenhuma “revela qualquer espécie de má conduta”. Ele também culpou a Intercept por “sensacionalismo”.

“Eu não tenho mais as mensagens porque abandonei o Telegram em 2016 ou 2017. Saindo do aplicativo se perde as mensagens. Pegaram esse conteúdo, obtido de maneira criminosa, e fazem todo um sensacionalismo em cima. Não existe nenhuma dessas mensagens que indicam qualquer fraude por parte minha. Estou absolutamente tranquilo”. Moro.

Moro também deu sua versão se teve acesso a parte do trabalho da Polícia Federal já como ministro. Ao ser questionado se passou informações sobre o inquérito dos laranjas do PSL, que corria em segredo de Justiça, para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ele explicou que apenas relatou o que os jornais já tinham publicado.

Vazamento do áudio de Lula

Sobre ter divulgado o telefonema entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, em em 2016 no âmbito da Operação Lava Jato, Moro apontou durante entrevista ao programa que “se dá uma importância a esse áudio que não existe”.

“O presidente Lula ia ligar para o Michel temer e falar: ‘olha, estou querendo escapar da Justiça e por isso quero virar Ministro’. Acha que ele ia falar isso para o Michel Temer? Me passaram a informação de que ‘existe aqui uma aparente tentativa de obstrução de Justiça’. E os áudios apontavam aquilo, muito claro nesse sentido, e o que se atendeu a pedido da Polícia Federal e do Ministério Público é que esses áudios viessem a público, a bem do interesse público para evitar aquela situação de obstrução de Justiça”. Moro.