O ministro da Economia, Paulo Guedes, bateu de frente contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e anunciou que o projeto de reforma tributária do governo incluirá um imposto sobre movimentações financeiras por meio digital.
Ou seja: na prática, será o equivalente moderno à antiga CPMF, Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras, que foi extinta em 2007. Se antes a maior parte das transações eram feitas em cheque ou em papel moeda, hoje os meios digitais dominam as movimentações financeiras. Então o conceito é o mesmo: uma taxação sobre o que se paga e o que se recebe.
Rodrigo Maia, no entanto, já disse ser contra esse imposto e que enquanto presidir a Câmara a nova CPMF não será votada. Mesmo assim, o ministro Paulo Guedes insiste com a fórmula. E com o apoio do Planalto.
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, por exemplo, já disse que acha que o imposto vai ser aprovado pelo Congresso. E que até Rodrigo Maia deverá mudar de posição.
Apesar da vontade contrária de Maia, Guedes não aposta à toa na aprovação do imposto. Hoje o Palácio do Planalto contabiliza um apoio importante: o centrão, aquele bloco informal de partidos, sem coloração ideológica, que reúne cerca mais de 200 e que costuma dar a vitória ao governo ou à oposição, dependendo de quem apoie nas votações em plenário.
Rodrigo Maia foi eleito presidente da Câmara com apoio do centrão e era tido como o comandante do grupo. Mas Bolsonaro se aproximou do bloco com aquilo que mais buscam: o toma lá da cá de cargos e verbas públicas.
O centrão era contra a CPMF. Foi graças a esse bloco que o Congresso derrubou o imposto em 2007. Agora, Arthur Lira, líder do maior partido do centrão, o PP, não enxerga o novo imposto como uma CPMF. Lira que já é tratado como candidato à sucessão de Rodrigo Maia no comando da Câmara.
Hoje, ninguém no Congresso sabe ainda quem terá mais força nas votações: o governo, com os líderes do centrão, ou Rodrigo Maia, com a parcela do bloco que não aderir ao Planalto somada à oposição. Tudo indica que a nova CPMF tem mais chances de passar, mas apenas após uma guerra entre poderes.