Assustada eu fiquei com o relato do alagoano Marcelo Avelino sobre a facilidade com que passou por quatro aeroportos internacionais, até chegar em Maceió – retornando de uma viagem por países europeus – sem a menor abordagem em relação ao coronavírus.
Ele participou do cruzeiro que saiu do Recife no dia 4 de março, cuja tripulação está, em grande maioria, retida em Lisboa, devido à suspensão dos voos frente à pandemia do coronavírus. Passou pela Espanha e esteve dois dias em Portugal. A viagem de navio teve problemas, sendo desautorizada de aportar em alguns lugares previstos – cidade de Mendelo, em Cabo Verde, e Lisboa, em Portugal. A tripulação conviveu com a suspeita de duas pessoas contaminadas pelo Covid-19 a bordo.
Na volta para casa, Marcelo embarcou no aeroporto de Lisboa, no dia 17, poucas horas antes de o governo de Portugal decretar emergência por causa da pandemia do coronavírus.
Entrou no Brasil pelo aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, estado brasileiro com maior índice de pessoas infectadas pelo vírus, com os primeiros casos de morte confirmados e inclusive com registro de transmissão comunitária. Nenhuma abordagem. Nem para saber de onde veio e por onde andou.
Pegou novo voo para Recife, onde chegou às 20h30 e de onde embarcou para Maceió às 23h. Pernambuco também já registrou situações de transmissão comunitária do Covid-19. Nenhuma abordagem. Chegou no aeroporto Zumbi dos Palmares no início da madrugada de ontem e foi direto para casa, sem que ninguém lhe perguntasse nem de onde veio.
“Passei por quatro aeroportos, atravessei a fronteira entre dois países, sem nenhuma abordagem; nem uma pergunta sobre de onde em vim, por onde andei; nenhum agente de saúde para saber se eu estava bem, se apresentava algum sintoma; nada. A passagem está escancarada, absolutamente livre nesses aeroportos brasileiros”, disse ele.
Marcelo está em casa. Por decisão própria, disse que está isolado. Mas pergunta: e quem não tem essa consciência? Perguntei se vai fazer o teste, ele responde: “Estou num dilema. O certo seria haver um controle na entrada; deveria ter equipe fazendo coleta para o teste de quem chega no aeroporto. Mas não está havendo esse acompanhamento. Eu passei tranquilamente. Agora eu teria que ir a uma UPA, expor doentes que já estão lá debilitados, correndo o risco de, se eu estiver contaminado, transmitir para outras pessoas. Vou ficar em casa aguardando se aparece algum sintoma”, diz ele.
Esse episódio é apenas um caso de muitos que devem estar acontecendo. Quantas pessoas mais estão entrando no Brasil; no Estado, sem nenhuma barreira? Cadê as autoridades sanitárias, aeroportuárias e de governo? Esse descuido é de uma insensatez e de uma gravidade sem tamanho!
CONCLUSÕES
O Brasil é, de fato, o país das contradições. E as estratégias de combate e prevenção à disseminação do coronavírus é um trágico exemplo disso.
Ora é o comportamento do presidente da República, que sem o menor senso de responsabilidade coletiva contraria as recomendações do seu Ministério, sobre reclusão e proibição de aglomerações de pessoas, e se mete numa manifestação pública, troca abraços e afagos, rostinho colado para fotografia, quando deveria estar de quarentena, depois de voltar de uma viagem em que grande parte da sua comitiva foi contaminada pelo Codiv-19.
Ora (novamente as autoridades públicas federais e estaduais) determinando a suspensão de aulas, fechamento de escolas, cinemas, academias, parques de diversão, suspendendo eventos e até atividades laborais, para que as pessoas fiquem em casa (medidas necessárias para conter a pandemia, diga-se de passagem), e deixam as portas dos aeroportos escancaradas para a entrada do vírus.
Tem mais conclusões. Mas…
Que Deus nos acuda!
O interessante é perceber que toda segurança é dada a classe mais abastada a exemplo do fechamento cinemas e teatro. A redução horário nos shopping e os cuidados com os aeroportos. não que isso não seja urgente mas existe um grupo bem maior de pessoas expostas a esse vírus, aqueles que andam de ônibus, os pobres trabalhadores do comercio (que mantem contato com esse vírus diariamente) que não tiveram tbem seus horários reduzidos. finalizando os pobres é que se explodam!