26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Sem sutileza, secretário de Cultura de Bolsonaro parafraseia o de Cultura de Hitler

Quando não é chefe de Estado ofendendo mãe de jornalistas e mandando-os calar a boca, a coisa parte para o nazismo

Anda cada vez mais deprimente e assustador noticiar sobre a política federal. Quando não é chefe de Estado ofendendo mãe de jornalistas e mandando-os calar a boca, a coisa parte para o nazismo. Literalmente.

Desta vez, vídeo do secretário da Cultura Roberto Alvim provocou uma onda de indignação nas redes sociais, na madrugada desta sexta-feira (17), porque ele copiou trechos de discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha nazista.

O vídeo foi postado pela Secretaria Especial da Cultura do governo Bolsonaro para divulgar o Prêmio Nacional das Artes, lançado horas antes em live com a participação do próprio presidente, e o trecho nazista é altamente indentificável.

“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”. Joseph Goebbel Ministro de cultura e comunicação de Hitler.

O trecho faz parte de um pronunciamento para diretores de teatro, segundo o livro “Goebbels: a Biography”, de Peter Longerich. Já Alvim, no vídeo, não foi muito longe:

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”. Roberto Alvim, secretário de Cultura de Bolsonaro.

Além dos trechos do pronunciamento, a estética do vídeo, a aparência do secretário, o vocabulário, o tom de voz e a trilha sonora escolhida também fizeram várias personalidades compararem a divulgação à propaganda nazista.

A fala de Alvim levou o nome de Goebbels a ser um dos mais citados no Twitter durante a madrugada e fez com que centenas de internautas repudiassem a referência nazista e postassem comparações com a propaganda de Hitler.

O pronunciamento de Alvim foi gravado em uma sala que tem o retrato do presidente Jair Bolsonaro ao fundo, a bandeira brasileira de um lado e uma cruz do outro.

Como se não fosse o bastante, uma das músicas de fundo, que veio da ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner, era uma obra que Hitler contou em sua autobiografia ter sido decisiva em sua vida.

Esta semana, Alvim ironizou a indicação de “Democracia em Vertigem” na categoria de melhor documentário longa-metragem do Oscar dizendo que a produção deveria estar na categoria ficção.