25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Sob protestos, ministro do Meio Ambiente critica politização das manchas de óleo

O governo  Bolsonaro extinguiu comitês do plano de ação de incidentes com óleo

Ministro Ricardo Salles participou de vistorias nas praias do Nordeste, mas não o presidente Bolsonaro

Após o desmate e incêndio na Amazônia, agora o maior desastre ambiental no litoral brasileiro em termos de extensão: o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, viajou ao Rio Grande do Sul para encontrar empresários no Country Club, em Porto Alegre, na tarde desta segunda (21), mas foi recebido com protesto na portaria do clube em um bairro por causa das manchas de óleo no Nordeste.

Um grupo de cerca de quinze pessoas gritou palavras como “sinistro exterminador do futuro” e “Salles na cadeia”. Algumas pintaram o rosto de preto em referência às manchas de óleo que contaminam o litoral do Nordeste desde 30 de agosto.

Salles não autorizou que a imprensa acompanhasse sua palestra aos empresários do Lide RS (Grupo de Líderes Empresariais) e após o final do encontro com o empresariado, ele não falou sobre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) não ter visitado as praias nordestinas afetadas. O ministro se limitou a criticar a “politização” do vazamento de óleo e encerrou a coletiva de imprensa.

Governo não tem nem mesmo explicação oficial para a origem do óleo

“Todos os ministérios têm dado suas contribuições, os órgãos federais têm feito um grande trabalho, os órgãos municipais também estão participando, voluntários estão prestando um bom serviço ao país. Não tem sido bom para o país essa ‘polemização’ e essa ‘politização’ que alguns querem fazer”. Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente.

Entretanto, Salles discutiu com políticos de esquerda, incluindo o governador da Bahia, por meio de redes sociais. Em uma das discussões, chegou a dizer que “o petróleo que está atingindo o Nordeste e o Brasil, é venezuelano, cujo governo ditatorial comunista vocês apoiam (sic).”

Vale lembrar que o governo  Bolsonaro extinguiu comitês do plano de ação de incidentes com óleo. A poluição pode afetar o trabalho de 144 mil pescadores e marisqueiros de 77 cidades de nove estados nordestinos. Há risco de contaminação dos pescadores e dos peixes.Segundo o Ibama, 200 locais de pelo menos 77 municípios em nove estados já foram atingidos pelas manchas de óleo.

A Marinha do Brasil informou na noite de segunda que 900 toneladas de resíduos de óleo de origem ainda desconhecida foram retiradas das praias do Nordeste. As manchas começaram a surgir no dia 30 de agosto, na Paraíba, e desde 2 de setembro o governo monitora o litoral da região. Até o momento, uma área de 2.250 km de costa foi atingida pelo material.

Maragogi foi um dos municípios alagoanos atingidos pelas manchas de óleo