26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

STF: Moro e Aras podem ver juntos na PF a íntegra de vídeo de reunião ministerial

As imagens mostrariam Jair Bolsonaro exigindo mudanças na Polícia Federal

O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal) permitiu que o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o ex-ministro Sergio Moro tenham acesso à íntegra do vídeo que registra a reunião ministerial em que Jair Bolsonaro ameaçou demitir o então ministro da Justiça.

O magistrado autorizou que o vídeo seja visto também pela delegada Christiane Corrêa Machado, que comanda as investigações contra Moro e Bolsonaro. O advogado-geral da União, José Levi, também poderá acessar o registro da reunião.

A mídia está em um envelope lacrado guardado no gabinete do ministro. O material será levado à delegada pelo chefe de gabinete de Celso de Mello.Depois disso, ela deverá marcar dia e hora para que Aras, ou alguém da equipe dele, e Moro, e também seus advogados, compareçam à PF para ver o material, além do AGU.

Moro diz que, na reunião, Bolsonaro cobrou abertamente, na frente de todas as outras autoridades, a troca na direção da PF (Polícia Federal), com a demissão de Maurício Valeixo, o que acabou ocorrendo e motivando a saída do ministro do governo.

Vídeo

O ministro Celso de Mello pediu um vídeo e o presidente Jair Bolsonaro prontamente prometeu entregar, dizendo inclusive que iria legendá-lo. Mas depois do advogado-geral José Levi dizer que na reunião ocorrida no dia 22 de abril “foram tratados assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de Relações Exteriores, entre outros”, o presidente recuou.

E o que eram os assuntos sensíveis? Pois bem, além de trazer a suposta ameaça do presidente de demitir Sérgio Moro caso ele não concordasse com a substituição do delegado Maurício Valeixo, a reunião é repleta de palavrões e menções a assuntos que o governo preferiria tratar por debaixo do tapete.

Como os acordos com o Centrão.

E também é sabido que a China foi ofendida pelo próprio Bolsonaro, logo na abertura do encontro.

Há ainda uma frase mais potencialmente inflamatória, dita não pelo presidente, mas sim do seu ministro da Educação: Abraham Weintraub afirmou que o STF era composto por onze filhos da puta. Sobre essa informação, o ministro disse que é ‘educado’.