29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Mundo

Vacina de Oxford contra coronavírus é segura e eficaz, segundo estudo

Duas mil em São Paulo, duas mil na Bahia e mil no Rio de Janeiro farão testes no Brasil

A vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, é segura e capaz de desenvolver anticorpos contra o novo coronavírus.

Ao menos é o que mostram os primeiros resultados do ensaio envolvendo cerca de 1.077 pessoas divulgados hoje na renomada revista The Lancet.

De acordo com os dados, as pessoas que receberam a imunização, entre 23 de abril e 21 de maio, no Reino Unido, produziram anticorpos e glóbulos brancos para combater o vírus. A vacina não apresentou nenhum efeito colateral grave e provocou respostas imunes com anticorpos e células T.

Leia mais: Vacina chinesa contra o coronavírus chega ao Brasil para testes

A vacina é uma das mais promissoras para combater o novo coronavírus e está na terceira e última fase de estudos clínicos, quando é avaliada sua eficácia para imunizar seres humanos.

Essa etapa acontece simultaneamente no Reino Unido, no Brasil e na África do Sul. A vacina está sendo testada em 50 mil pessoas, incluindo 5.000 brasileiros (duas mil em São Paulo, duas mil na Bahia e mil no Rio de Janeiro).

Resultados

Os resultados da pesquisa divulgada pela Lancet se referem à primeira e à segunda fase dos estudos clínicos, quando foram analisadas, respectivamente, a segurança da vacina —como possíveis efeitos colaterais— e a capacidade de produzir uma reação do sistema imunológico.

“Esperamos que isso signifique que o sistema imunológico se lembre do vírus, para que nossa vacina proteja as pessoas por um período prolongado. No entanto, precisamos de mais pesquisas antes de confirmarmos que a vacina protege efetivamente contra a infecção por Sars-CoV-2 e por quanto tempo dura a proteção”. Andrew Pollard, principal autor do estudo da Universidade de Oxford.

Imunização

Segundo o estudo, o pico da resposta entre os linfócitos T específicos para a proteína spike, que o coronavírus usa para agredir as células humanas, ocorreu no 14º dia após a aplicação da vacina. Já o ápice da reação dos anticorpos IgG para a mesma proteína spike ocorreu no 28º dia e foi impulsionado por uma segunda dose, aplicada em 10 participantes.

O estudo, no entanto, não avaliou quanto tempo esses anticorpos podem durar, aspecto que está sendo analisado na terceira fase. A vacina utiliza um adenovírus de chimpanzés para apresentar a proteína spike ao sistema imunológico.

Na última etapa dos estudos clínicos, os voluntários serão acompanhados por 12 meses, até junho do ano que vem.

No entanto, a multinacional AstraZeneca, responsável pela fabricação do medicamento em nível mundial, espera ter resultados confiáveis em setembro. A empresa já iniciou a produção da vacina e planeja começar sua distribuição ainda em 2020, caso os resultados da terceira fase dos estudos clínicos sejam positivos.

“Se nossa vacina se mostrar eficaz, é uma opção promissora, já que este tipo de vacina pode ser fabricada facilmente em grande escala”. Sarah Gilbert, pesquisadora da Universidade de Oxford.