18 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Economia

Varejistas alertam Bolsonaro sobre demissões se lojas não reabrirem

Grupo é liderado por por Flávio Rocha, dono da Riachuelo, e Luiza Trajano, da Magazine Luiza

O presidente Jair Bolsonaro recebeu um aviso das grandes empresas de varejo do Brasil que, se as lojas não forem abertas até meados de abril, até um terço de seus funcionários serão demitidos.

Atualmente, o comércio de varejo, um dos setores mais afetados pela onda do coronavírus, emprega 23,5% dos trabalhadores com carteira assinada. São 9,1 milhões de pessoas e as principais redes respondem por cerca de 20% desses postos.

Portanto, deste universo de 1,8 milhão de trabalhadores, 600 mil podem ficar desempregados. E como forma de contraste, em todo o ano passado foram criados 644 mil postos formais de trabalho no país, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

De forma oficial, elas se empenham em preservar empregos e seguir as recomendações de confinamento definidas pelas autoridades de saúde, mas em contato com Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, querem liberar parte da população para que ela volte a trabalhar. Ignorando o avanço da contaminação.

O grupo é liderado por por Flávio Rocha, dono da Riachuelo, e Luiza Trajano, da Magazine Luiza, grandes comerciantes preocupados com os efeitos de um isolamento mais prolongado na cadeia produtiva.

É de se imaginar que esta nata da economia seja a mesma que impulsiona carreatas, para que a força de trabalho saia “das férias” e do “conforto de sua casa”, ou então vão cortar gastos demitindo seus funcionários na pior hora possível.

Como o governo Bolsonaro já desistiu da campanha “O Brasil não pode parar”, já passou da hora de criar algo como “O Brasil precisa acordar pra realidade”

E diante de nosso histórico de memória curta, precisamos muito lembrar os rostos e empresas que se empenham para que, durante um estado de emergência, voltemos à normalidade. Estes precisam ser responsabilizados quando o exército precisar tirar dos hospitais centenas de corpos por dia.

Quem pena nesta situação não são os grandes varejistas: passada a crise, eles conseguirão bons empréstimos, resgates financeiros, não vão quebrar. Quem está sofrente é a população e ameaças de demissão só ajudam a criar mais antagonistas nesta história. E bastava o coronavírus para isso.

Ministério da Saúde

O Brasil registrou neste sábado, em atualização da plataforma do Ministério da Saúde, 3.904 casos confirmados da Covid-19, transmitida pelo novo coronavírus. O número corresponde a 487 novas confirmações em relação à última atualização de ontem dos dados da pandemia no país, 14% de incremento.

As mortes pela doença chegam a 114, com aumento de 19 casos em relação ao balanço dessa sexta-feira (27).