26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Vídeo que governo não queria entregar tem Weintraub xingando STF e Bolsonaro a China

Não é a toa que o presidente foi aconselhado a não divulgar vídeo com reunião com Moro “para não criar turbulência”

atualização: a AGU (Advocacia-Geral da União) entregou na noite desta sexta (8) ao STF o vídeo da reunião em que Bolsonaro teria ameaçado de demissão o então ministro Moro, caso ele não trocasse o diretor-geral da PF. O ministro Celso de Mello determinou que a gravação fique sob sigilo enquanto aguarda manifestação do procurador-geral da República, Augusto Aras.

O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal) pediu um vídeo de uma reunião, citada pelo ex-ministro Sergio Moro (Justiça) em depoimento prestado à Polícia Federal no último sábado (2) em Curitiba, para apurar as veracidades no inquérito.

O presidente Jair Bolsonaro prometeu entregar, dizendo inclusive que iria legendá-lo.

Mas depois do advogado-geral José Levi dizer que na reunião ocorrida no dia 22 de abril “foram tratados assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de Relações Exteriores, entre outros”, o presidente recuou.

E o que eram os assuntos sensíveis? A colunista da Folha, Thaís Oyama, afirma saber ao menos alguns dos tópicos:

Pois bem, além de trazer a suposta ameaça do presidente de demitir Sérgio Moro caso ele não concordasse com a substituição do delegado Maurício Valeixo, a reunião é repleta de palavrões e menções a assuntos que o governo preferiria tratar por debaixo do tapete.

Como os acordos com o Centrão.

E também é sabido que a China foi ofendida pelo próprio Bolsonaro, logo na abertura do encontro.

Há ainda uma frase mais potencialmente inflamatória, dita não pelo presidente, mas sim do seu ministro da Educação: Abraham Weintraub afirmou que o STF era composto por onze filhos da puta. Sobre essa informação, o ministro disse que é ‘educado’.

Não é a toa que Bolsonaro foi aconselhado a não divulgar “para não criar turbulência”. Se alguém que vai a pé até o STF pedir a volta do comércio durante uma pandemia e participa de protestos que pedem o fechamento do STF e congresso é normal, imagina o que não está no vídeo.