Dona Nildinha, a avó do nosso amigo Considerado, amanheceu num enjoo só. Pulou da cama e acordou o neto à base dos gritos. Queria ajuda para a dor de barriga que a incomodou à madrugada inteira. Diarreia braba.
Considerado se pôs de pé em um pulo. -O que houve vó?
Ela explicou que estava doente. Ele perguntou se foi algo que tenha comido e fez mal. Não teve resposta. Ficou a imaginar que teria sido isso. Tratou de fazer um chá de raspa de goiabeira para tentar sustar o “vazamento” anal.
Nildinha tomou o chá, mas queria mesmo que lhe levasse a um médico. Só que descobriu que não havia pago a conta do Plano de Saúde e, portanto, ficou com receio de não ser atendida. Assim, optou mesmo por ficar nos remédios caseiros.
-Mas, o que houve mesmo vó?
-Você não sabe o que é dor de barriga não?
-Sim, mas tem que ter uma razão.
-Eu já estou uma velha, enxuta, mas idosa.
-O que comeu ontem?
-O mesmo que você.
-Então não era para isso.
Descobrir o que estava acontecendo com Nildinha sem ser médico, nem chumbeta de auxiliar de enfermagem, era uma missão impossível para o Considerado. Mas ele não desistiu.
-O que a senhora fez à noite inteira?
-Vi televisão.
-E o que passou lá?
-A entrevista do Bozo.
-Talvez tenha sido isso.
-Como assim?
-O que ele disse na entrevista?
– Que agora a gente tem que fazer cocô dia sim, dia não pra não prejudicar o meio ambiente.
-Está explicado vó.
-Explicado o quê?
-Seu caso é psicológico
-Que psicológico que nada?
-É sim, minha vó.
-Se fosse assim eu tinha era que ter trancado a “rosqueta”!